Prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Brasília • Reprodução/CNN
Uma investigação conduzida por órgãos de controle revelou que entidades e empresas usaram robôs automatizados para acessar indevidamente dados e valores de aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O objetivo era obter vantagens financeiras, especialmente por meio da oferta de serviços ou empréstimos consignados sem autorização dos beneficiários.
De acordo com as apurações, os sistemas automatizados simulavam acessos humanos aos portais digitais do INSS, como o Meu INSS, utilizando informações pessoais dos segurados para obter extratos, verificar benefícios ativos e até simular ou autorizar transações bancárias, em alguns casos sem o conhecimento direto dos aposentados.
O Ministério da Previdência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social informaram que já adotam medidas para barrar o uso de ferramentas desse tipo, intensificando a segurança de acesso às plataformas digitais. A prática configura fraude digital e pode gerar punições civis e criminais às entidades envolvidas.
Segundo especialistas em segurança cibernética, os robôs são programados para operar em larga escala, o que facilita o monitoramento de milhares de beneficiários em poucos minutos. “Eles entram, verificam os dados, identificam o perfil ideal e iniciam ofertas de crédito ou serviços. Muitos idosos acabam sendo manipulados ou nem percebem o que foi feito com seus dados”, afirma Carlos Maia, perito em direito digital.
Em resposta, o governo federal reforçou que não autoriza repasses de dados a terceiros e orienta os beneficiários a ativar a verificação em duas etapas no aplicativo Meu INSS, além de denunciar qualquer movimentação suspeita.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também se manifestou, dizendo que reforçará o monitoramento de operações suspeitas ligadas a aposentados e aposentadas. O Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) seguem apurando o envolvimento de instituições financeiras, correspondentes bancários e associações de classe.
O caso reacende o debate sobre proteção de dados pessoais e vulnerabilidade de idosos no ambiente digital, e deve impulsionar a discussão no Congresso Nacional sobre o aperfeiçoamento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no setor público