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As ruas gritam. A prefeitura se cala.
Foz do Iguaçu vende ao mundo a imagem de cidade turística, moderna e acolhedora. Mas basta sair das avenidas enfeitadas para perceber a realidade: a miséria tomou conta das ruas. Famílias, idosos e jovens vivem ao relento, improvisando abrigos com papelão, disputando restos de comida e convivendo com a violência e o abandono.
E onde está o poder público? A resposta é dura: ausente. A prefeitura, sob a gestão do General Luna e Silva, não mantém sequer uma equipe própria dedicada a atender essa população. Não há política permanente, não há plano de ação, não há resposta à altura da gravidade. O que existe são ações esporádicas, feitas por setores já sobrecarregados, incapazes de dar conta do problema.
Agora, o governo municipal comemora o “primeiro censo” da população em situação de rua como se contar fosse sinônimo de resolver. A operação, marcada para o fim de agosto, chega tarde demais para quem já perdeu tudo, inclusive a dignidade. Enquanto isso, o Cadastro Único aponta quase 1.060 pessoas nas ruas — um número que moradores e comerciantes sabem ser muito maior.
Quem preenche essa lacuna são voluntários, igrejas e entidades assistenciais, que fazem o que podem com recursos limitados. Eles oferecem comida, roupas e atenção — algo que deveria ser dever do Estado, e não um favor da sociedade civil.
O aumento da miséria é fruto direto da omissão e da falta de prioridade. Se não houver investimento real em equipes multidisciplinares, programas de habitação e políticas de reinserção no mercado de trabalho, Foz do Iguaçu seguirá vendendo cartões-postais para turistas e fechando os olhos para o cenário vergonhoso que se espalha nas suas calçadas.