Vereadora de Curitiba pode ter mandato cassado após distribuição de cartilha sobre drogas

Foto: Carlos Costa/CMC/ Redes Sociais.

A Corregedoria da Câmara Municipal de Curitiba formalizou nesta quinta-feira (28) uma representação contra a vereadora Professora Ângela (PSOL) após a distribuição de uma cartilha com orientações sobre drogas durante uma audiência pública realizada no início de agosto. O relatório, de autoria do vereador Sidinei Toaldo (PRD), aponta indícios de infração ético-disciplinar e recomenda que o plenário avalie a aplicação de suspensão ou até mesmo a cassação do mandato da parlamentar. A votação está prevista para a próxima segunda-feira (1º).

A denúncia surgiu após a audiência pública “Sistema de Segurança Pública, Saúde e Políticas de Drogas para a Cidade de Curitiba”, realizada em 5 de agosto, onde foi apresentado material com instruções sobre o uso de substâncias como cocaína, crack, LSD e cogumelos alucinógenos. O conteúdo incluía recomendações como iniciar o consumo em pequenas doses, o que, segundo o parecer da Corregedoria, ultrapassa o caráter preventivo e caracteriza estímulo ao uso de drogas. A documentação avaliada incluiu vídeos, cópias impressas da cartilha e registros da sessão.

O caso também gerou repercussão política dentro da Câmara. Representações foram protocoladas pelos vereadores Bruno Secco (PMB) e Da Costa (União), reforçando o pedido de apuração da conduta de Ângela. O material trazia ainda o nome de funcionários de gabinetes na autoria do conteúdo, e uma servidora chegou a ser exonerada após a repercussão negativa. Durante a audiência, a vereadora teria afirmado que era necessário “bastante coragem” para apresentar a cartilha no plenário, frase citada no relatório como indício de conhecimento e anuência da divulgação.

Em sua defesa, Professora Ângela negou que o material tivesse caráter de incentivo ao consumo de drogas. Segundo ela, a cartilha fazia parte de uma proposta de política de redução de danos voltada a usuários e dependentes químicos. A parlamentar classificou como equivocada a interpretação de que o documento fosse “pró-droga” e disse que a intenção era promover debate sobre saúde pública.

Na sessão de segunda-feira, os vereadores irão analisar a admissibilidade da denúncia. Caso a maioria simples do plenário concorde com a abertura do processo, será instaurada uma Comissão Processante composta por três parlamentares sorteados, responsável por conduzir as investigações e apresentar parecer final sobre a possível punição. O desfecho do caso pode levar desde a advertência até a perda do mandato, dependendo da decisão da Casa.

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