Foto: Tami Taketani/Plural
A Prefeitura de Curitiba lançou uma campanha contra a doação de esmolas na cidade. Apoiada por nove entidades representativas do comércio, do setor hoteleiro e da indústria, a Prefeitura quer que as pessoas doem para “instituições que fazem a diferença” ao invés de ajudarem diretamente quem precisa. Pela lógica do Executivo municipal, quem passa fome deve aguardar as doações para instituições e esperar passivamente pelas ações do poder público.
A campanha gerou reações entre voluntários e entidades que distribuem alimentos na cidade. O Sopão Curitiba, projeto voluntário que atua há sete anos nas ruas da cidade, afirmou que a cidade tem cerca de 7 mil pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social e que o programa Mesa Solidária serve cerca de 800 refeições por dia. “A conta não fecha, e a fome não espera”, publicou o movimento, que criticou a campanha em seu perfil no Instagram:
“Enquanto a fome aperta, a prefeitura escolhe responsabilizar quem ajuda – e reforçar uma postura contrária à solidariedade e ao olhar para o próximo, ao invés de garantir o básico: comida, dignidade e políticas públicas reais de inclusão e combate às desigualdades.”
A vereadora Camilla Gonda (PSB) informou que vai pedir a remoção do vídeo. “Vou pedir a remoção desse vídeo e também cobrar explicações da Prefeitura pra que ela me diga quanto foi empenhado de dinheiro público nessa campanha. Afinal, esse dinheiro poderia ter sido investido nas próprias políticas públicas pra essa população. Tratamos os problemas reais da população e não de propostas duvidosas e extremamente populistas”.
Gonda disse que o CadÚnico indica a existência de 4 mil pessoas em situação de rua de Curitiba, um número subestimado. “Culpabilizar a esmola é esconder o Estado que falha estruturalmente e individualiza a questão social”, disse a vereadora.
“Não sei se a defesa da população de rua é realmente prioridade nessa Casa (Câmara Municipal de Curitiba). Vários projetos de cunho duvidoso tramitam por aqui, inclusive um projeto que multa quem faz distribuição de marmitas fora da regra. Não podemos compactuar com essas condutas vindas do poder público”.
Camilla Gonda, vereadora