Foto Receita Federal
Em uma das maiores apreensões terrestres já registradas no país, cerca de 400 canetas de Mounjaro — medicamento originalmente indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, mas popularizado como “caneta do emagrecimento” — foram interceptadas na tarde desta quarta-feira (18) na Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu.
A ação conjunta da Receita Federal e da Polícia Federal resultou na apreensão da carga, que estava escondida em um fundo falso no porta-malas de um carro com placas brasileiras, com destino ao interior de São Paulo. No veículo, viajavam dois casais brasileiros. O motorista assumiu a responsabilidade pela mercadoria, mas todos foram conduzidos à Delegacia da Polícia Federal para prestar depoimento.
Cada unidade de Mounjaro tem valor estimado em R$ 1.870, o que eleva o valor total da carga para cerca de R$ 750 mil. Além do crime de contrabando, o transporte do medicamento era feito sem qualquer controle sanitário, em condições inadequadas e sem refrigeração — o que representa grave risco à saúde pública.
A substância tirzepatida, presente no Mounjaro, age sobre os receptores GLP-1 e GIP, reduzindo o apetite e promovendo saciedade. No entanto, o uso sem acompanhamento médico pode causar efeitos colaterais graves, como náuseas, vômitos, pancreatite, complicações gastrointestinais e riscos cardiovasculares.
Diante da crescente utilização indiscriminada desses medicamentos para emagrecimento, a Anvisa endureceu as regras de comercialização: desde abril, substâncias como Mounjaro, Ozempic e Wegovy só podem ser adquiridas com receita médica em duas vias, com uma delas sendo retida pela farmácia.
A carga foi levada à Alfândega da Receita Federal em Foz do Iguaçu, onde passará por conferência e os devidos trâmites legais. A operação reforça o alerta sobre os riscos do contrabando de medicamentos e o uso irresponsável desses produtos, especialmente sem supervisão médica.